Reinaldo

Brasil busca o equilíbrio político

Vai ser preciso o Brasil superar vários casos Palocci para adquirir tecitura e maturidade política capazes de afastar a tremulação causada por surtos antidemocráticos, ou ferrenhas ditaduras, como tantos registrados na nossa história, os mais prolongados dos quais – o de 1938 e o de 1954 – responsáveis por danos até hoje marcantes na cidadania do país.

Apesar das experiências vividas nesses períodos, em alguns momentos a imprensa brasileira parece intrigada e inconsciente da importância de suas ferramentas capazes de fundamentar suas denúncias, a investigação jornalística, e estabelecer seus limites de ação, os seus compromissos, a verdade e as suas relações políticas.

O recente episódio Palocci, que segundo a matéria da Folha de S. Paulo, enriqueceu 20 vezes no seu primeiro mandato de deputado federal, ilustra bem esse argumento.

UM PERIGOSO ESTOPIM

Há dois aspectos entre os que devem ser examinados com cautela:a linguagem utilizada pelo jornal está eivada de um equilíbrio pouco comum à imprensa brasileira da década de 50 para trás, período marcado pelos açodamentos agudizados pelas tendências partidárias que empurravam nosso jornalismo; o controle partidário, pois embora as oposições ao governo formem um bloco avantajado, ele não consegue desenvolver estímulos monolíticos pendulares.

Havia brechas na legislação e Palocci as usou para ganhar dinheiro rapidamente, saindo pela culatra o tiro dado pela Folha segundo o qual ele teria operado na surdina, ou seja, sem o conhecimento prévio da chefe, a presidente da República.Esse fato foi o principal instrumento para desarmar a bomba que as oposições precisavam para manter aceso o perigoso estopim.E rapidamente, agiram os estrategistas de defesa do governo Dilma Russeff ao promover a blindagem em torno do chefe da Casa Civil.Por maioria folgada, o congresso evitou na semana passada a ida de Palocci ao plenário,onde se exporia a todo tipo de pancada.

AÇÃO DO CONGRESSO

Para a opinião pública, o governo agiu tão rapidamente como numa operação cronometrada. Usou-se uma antiga sabedoria chinesa:jogou-se água no incêndio suficiente para debelar as chamas mas com o cuidado de não afogar o paciente.Excessos na defesa poderiam fortalecer os ânimos oposicionistas.

Desse episódio já é possível se tirar várias lições.A primeira é a de que está outra vez iniciada uma temporada de caça às irregularidades cometidas por estrelas de primeira grandeza do governo sem o temor de se estar abrindo uma brecha rumo a um golpe militar. O que era impensável até o impeachment do Collor.Segundo, se o Brasil é a terra das oportunidades, que mal há em se ganhar dinheiro aproveitando as brechas do sistema? Se há tantas brechas só aproveitadas pelos competentes como Palocci, por que o congresso nacional não as bloqueia criando suas leis?

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