13 de Janeiro de 2021
Donald Trump é o 1º presidente americano a sofrer 2 impeachments no mesmo mandato
Congressistas republicanos passaram a apoiar o impeachment do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na véspera do julgamento na Câmara.
Trump deve se tornar nesta quarta-feira (13/1) o primeiro presidente americano da história a sofrer dois impeachments. Desta vez, ele é acusado formalmente de incitar à violência que resultou na invasão do Capitólio, sede do Congresso americano, na semana passada.
Ao contrário do Brasil, o presidente dos EUA não é afastado do cargo que o processo de impeachment é aprovado na Câmara. Assim, Trump deve permanecer no cargo até a próxima quarta-feira (20), quando Joe Biden será empossado.
No primeiro impeachment, Trump foi condenado pela Câmara mas absolvido pelo Senado (e nenhum deputado republicano e só um senador do partido votou contra o presidente).
Desta vez, já são cinco deputados os que anunciaram que vão votar pelo impeachment — inclusive apoiadores de longa data do presidente (veja mais abaixo).
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Votação no Senado
Nunca um presidente americano teve o impeachment aprovado no Senado.
Antes de Trump, Andrew Johnson e Bill Clinton tiveram seus processos de impeachment aprovados pela Câmara, mas também foram absolvidos pelo Senado e não perderam o cargo. Já Richard Nixon renunciou antes mesmo de o processo ser votado na Câmara.
A dúvida é se os senadores republicanos que romperam com Trump conseguirão formar a maioria de dois terços no Senado para destituí-lo. Outra incógnita é se o Congresso pode continuar com o processo mesmo após ele deixar de ser presidente.
Apesar disso, o líder do Partido Republicano afirmou a interlocutores que está satisfeito que os democratas estão tentando tirá-lo do cargo e que o presidente cometeu crimes passíveis de impeachment, segundo o jornal "The New York Times".
Mitch McConnell, senador pelo Kentucky que apoiava Trump, condenou a invasão ao Capitólio que resultou em cinco mortes e disse reservadamente que, com o impeachment, será mais fácil expulsar Trump do partido.
Dissidência na Câmara
Entre os congressistas que anunciaram voto contra Trump estão, segundo o jornal "The New York Times":
Liz Cheney, deputada por Wyoming: terceira republicana da Câmara, afirmou na noite de terça que votaria pelo impeachment pelo papel que o presidente teve na "morte e destruição no espaço mais sagrado de nossa República";
John Katko, deputado por Nova York: ex-promotor federal, foi o primeiro republicano a anunciar publicamente que apoiaria o impeachment;
Adam Kinzinger, deputado por Illinois: crítico frequente de Trump, afirmou que o presidente americano "encorajou uma multidão enfurecida a invadir o Capitólio dos Estados Unidos";
Fred Upton, deputado pelo Michigan: disse em comunicado que votaria pelo impeachment após o Trump “não expressar arrependimento” pelo que aconteceu no Capitólio;
Jaime Herrera Beutler, deputada pelo estado de Washington: disse que votaria pelo impeachment por acreditar que o presidente violou seu juramento: "Vejo que meu próprio partido será melhor atendido quando aqueles entre nós escolherem a verdade".
Biden não toma posição
Ao contrário dos congressistas democratas, que tem se esforçado para remover Trump do cargo, o presidente eleito dos EUA, Joe Biden, que será empossado na próxima quarta (2), se recusou a endossar o processo de impeachment e deixou a decisão a cargo do Congresso.
O futuro presidente não quer inflamar os ânimos entre os republicanos e agregá-los novamente em torno de Trump, em um momento em que o presidente e seu partido estão enfraquecidos. Ele também foge do desgaste político, da paralisia legislativa e de um desvio de rota de sua agenda no Congresso.
Para Biden, o ideal seria que o processo de impeachment sofresse uma pausa no Senado. Assim, não poria em risco os planos para combater a pandemia do novo coronavírus e seus reflexos na economia americana.
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FBI investiga 160 casos ligados à invasão do Capitólio dos EUA
Até o momento, cerca de 70 casos foram enviados à Justiça; o número deve aumentar ainda mais nos próximos dias, segundo os investigadores.
Por G1
A polícia federal americana investiga ao menos 160 casos ligados à invasão do Capitólio dos Estados Unidos por apoiadores do presidente Donald Trump, disse nesta terça-feira (12) um porta-voz do FBI.
Steven D'Antuono, responsável pelas equipes de campo, disse em entrevista coletiva que o FBI recebeu mais de 100 mil fotos e vídeos com provas sobre a identidade dos invasores. Apesar dos casos abertos, ainda é incerto o número de pessoas que poderão responder pela invasão.
“Se você esteve no Capitólio, os agentes vão bater à sua porta", disse Antuono. "Essa é sua chance de se apresentar.”
Ele falou com a imprensa ao lado do procurador interino dos EUA, Michael Sherwin, quem completou que, dos casos investigados, cerca de 70 já foram enviados à Justiça. Ele disse ainda esperar que esse número aumente rapidamente, e que essa é "só a ponta do iceberg".
Sherwin disse também que os promotores estão investigando um "número significativo" de casos que podem estar ligados ao crime de sedição e conspiração – mas que invasão, furtos e até mesmo assassinato estão na mira dos investigadores.
Invasão do Capitólio
Um grupo de apoiadores do presidente Trump invadiu, na semana passada, a sede do Congresso americano em Washington durante a contagem oficial dos votos do Colégio Eleitoral definidos nas eleições presidenciais de novembro, que deram vitória a Joe Biden.
Parlamentares e jornalistas que estavam no Capitólio relataram tiros dentro do prédio do Congresso. A sessão foi suspensa e militares da Guarda Nacional foram acionados para reforçar a segurança do edifício.
Momentos antes da invasão ao Congresso, Trump disse que marcharia junto com os apoiadores – por isso, o republicano é acusado por opositores de ter incitado uma insurreição, o que pode levá-lo a sofrer um impeachment a uma semana de deixar o cargo.