Reinaldo

Criminalidade em Alagoas

Arrastões IDADE DA PEDRA LASCADA, ESTÓRIAS DA CAROCHINA E CRIMINALIDADADE EM ALAGOAS

Quem leu o romance Ninhos de Cobras, de Ledo Ivo, deve se recordar da importância social do boato na vida dos alagoanos, ainda mais no contexto sócio-político da boataria entre a segunda metade dos anos 50 e a primeira metade dos anos 60 em Maceió. Não havia televisão, a audiência das rádios como a leitura de jornais, se limitava a poucos privilegiados:os boatos e mexericos convertiam as conversas em pé de ouvido nos grandes meios de comunicação de toda a sociedade.

Nos afarrábios da literatura mundial, desde Mil e Uma Noites, de Sharazade, há diferentes versões da Teoria da Manada.Contudo a mais popular delas, o povão,junto, em qualquer época, comporta-se como animais irracionais ao ouvir uma ordem: corre naquela direção, atropelando uns aos outros,num tumulto generalizado.

Nas décadas de 30 e 40 do século passado,Alagoas não se transformou em pólo de atração da intelectualidade brasileira nascente apenas pela presença de nomes como Graciliano Ramos ou, antes dele, Jorge de Lima, mas porque espalhou-se uma idéia quase consensual, a de que “tudo é diferente em Alagoas”.

Buscava-se em Alagoas algumas coisas só encontradas em outros países da América Central, América do Sul e nos Andes: galinhas com ovos de ouro, gatos com olhos fosforecentes, cachorros de duas cabeças, jumentos com seis patas e macumbeiros que se transformavam em lobisomens.

O escritor colombiano Gabriel Garcia Marques inspirou enredos dos seus romances fantásticos no encontro de algumas dessas armações do imaginário popular.

Talvez conduzidos por essa fantasia remanescente do imaginário popular, um pequeno grupo vestiu a carapuça de movimento político e conseguiu ludibriar, de 5 de dezembro para cá, o governo estadual e comerciantes de Maceió com a comédia política, tipo humor negro, aterrorizando a população e o comercio com os chamados arrastões.Agora se sabe: esse movimento que aterrorizou a população da capital por 15 dias nada mais foi que,

a) um modo de um pequeno grupo da PM ser ouvido e valorizado pelo governo estadual – os mesmos que há mais de cinco anos reivindica melhorias nos seus vencimentos;

b) reabrir negociações com as instituições comerciais locais destinadas a fixar novos patamares de colaboração financeira do comercio com a corporação.

Só assim se explica a afirmação do secretário da Defesa Social,coronel Dario César, de que sabia a origem da boataria mas em nenhum momento esclareceu nada,preservando a identidade dos seus colaboradores; a suspensão repentina dos arrastões após acordo “de cavalheiros” entre a liderança da corporação e o próprio secretário da Defesa Social;

O entendimento político que se extrai disso é que o governo Teotonio Vilela Filho(PSDB) é refém de um setor da PM, transformando-se num fantoche nas mãos do próprio secretário Dario César.

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