Reinaldo

O Brasil e o cenário mundial

Em recente artigo publicado no jornal econômico nacional Valor, o economista e ex-ministro Luiz Gonzaga Beluzzo pôs o dedo na ferida da crise da economia européia e mundial: o setor público não pode nem deve se ausentar de soluções para a crise,ao contrário, pode e deve enfrentá-la com mais investimentos em setores chaves como educação,saúde,geração de emprego e renda.

Ele pergunta: como a economia mundial se livrou da sua maior recessão, a de 1929?

SOCIALISMO?

Embora nem de longe possa ser comparado ao estadista Franklin Roosevelt, que conseguiu debelar com duras medidas econômicas e sociais a primeira grande crise do capitalismo mundial, que eclodiu nos EUA em 1929, bem depois da primeira grande guerra mundial de 1917 e bem antes da segunda de 1945,o presidente Barak Obama adotou uma medida surpreendente(para os economistas marxistas ortodoxos) que fez evaporar a crise do setor imobiliário: a injeções de alguns trilhões de dólares na economia americana via setor bancário, aplacando a sede da roubalheira dos banqueiros de Waal Street.

Por que surpreendente? Porque essa corrente de pensadores da economia mundial defendia a tese de que essa injeção de recursos no setor significaria a estatização dele e, consequentemente, ele ficaria a um passo de sua socialização.

Aconteceu a socialização? Não: o sistema econômico que financiou a ascensão de Obama é o mais direitista dos EUA,portanto o mais sórdido. É o mesmo que financiou tanto a guerra do Vietnam em fins de 1960 para o começo de 1970 e a do Iraque(guerra criada por Bush), do começo de 1980 até recentemente. Mas os belicosos de Obama resistiram até o fim da retirada do último americano do Iraque.

TESE VITORIOSA

Beluzzo lembra: como a economia mundial começou a se reerguer dos escombros da segunda grande guerra? Através de investimentos públicos,responde.

O que fizeram os EUA e alinhados, como a Inglaterra, ou não, como a Itália? Realizaram maciços investimentos públicos.

Como baratas tontas depois de alimentar um longo sonho da construção da unidade do sistema econômico da zona do euro, os governos dos países do continente europeu se digladiaram durante todo 2011 em busca de soluções para a crise econômica de maiores proporções do que a gerada pela guerra de 1945. Debaixo de sucessivas greves,passeatas,demissões e desentendimentos políticos de toda a ordem, a Europa navega entre os escombros do seu estado de bem-estar social.

Resultado: as agências de classificação de risco rebaixaram de tal forma a credibilidade do seu sistema bancário que até a Inglaterra caiu fora como se não pertencesse ao mesmo continente nem tivesse nada a ver com o problema.

Adam Smith(1723-1790) e John Mainard Keynes( 1883-1946), se vivos fossem, não se orgulhariam da decisão dos ingleses: o liberalismo, doutrina política defendida no bojo das suas obras, foi sepultado pela crise. O estado de bem-estar social escafedeu-se. Na Itália, adeus aposentadoria.Na França, aposentadoria só aos 70 e não mais aos 65 anos. É o que vai ocorrer em nome da sobrevivência do sistema.

Tão profundas foram as mudanças registradas na economia mundial com as ocorrências políticas, econômicas,climáticas na década passada a ponto de o Brasil ter sido elevado a posição confortável de 6ª.economia do planeta embora seus índices de analfabetismo e miséria continuem altos.

Hoje com um população de mais de 190 milhões de habitantes, com taxa de inflação sob controle, com estabilidade política e sem hecatombes climáticas, a não ser as geradas pelo congresso nacional do tipo Novo Código Florestal,o Brasil caminha finalmente, encontra-se consigo mesmo e deixa a cômoda posição de “deitado eternamente em berço explêndido”, de Duque Estrada, e passa a ser sempre um país “do futuro” para ser o do presente.

*ex-repórter do Jornal do Brasil e comentarista de economia da Folha de S. Paulo.

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