Ricardo Rodrigues

Bilhete premiado e jeitinho brasileiro

Meu pai sempre dizia, meu filho, nem tudo que é achado é seu, tenha muito cuidado, sempre procure devolver ou evite utilizar sem se cercar de certo cuidados. Mas as tentações são muitas, quando a gente acha um dinheiro no chão, uma carteira recheada de dólares ou relógio suíço da areia, um óculos caro esquecido numa mesa, os chinelos deixados pelos turistas que acabaram de sair. Eles podem voltar e perguntar ao dono estabelecimentos.

– O senhor não viu um par de chinelos que a gente acabou de deixar aqui? – perguntou o turista, de volta ao estabelecimento.

O dono do bar, sem saber o que tinha acontecido, disse que não e faz uma verredura no local, por baixo das mesas, nos cantos, mas não achau nada. Os chinelos tinham sido levados por cliente que estava numa mesa ao lado e viu quando os turistas foram tinham e esqueceram o objeto. A filha do turista até viu os chinelos nos pés do cliente, mas como este permaneceu calado a gorota preferiu não avisar ao pai para evitar confusão. O prejuízo do tursta foi pequeno, diate do estrago que esse tipo de atitude à imagem das pessoas da cidade.

Dar carteirada, veder o vale refeição, corromper guarda de trânsito, subornar funcionário público, sair sem pagar, falsificar bilhetes, ficar com o troco, levar as coisas dos outros, por mais insignificantes que seja, são atitudes reprováeis. Que muitas vezes são toleradas em nome do jeitinho brasileiro.

Foi com essa filosofia, que um casal nos Estados Unidos detonou um bilhete premiado que acharam no lixo. Achado não é dado. Principalmente em se tratando de um bilhete, que teve um custo e possivelemnte um dono. O certo era o casal ter procurado o dono Ed caberia a este recompensá-los por isso. Ou não. Ingratidão também existe e é a outro lado da moeda.

O problema é a verdadeira dona do bilhete premiado aparteceu, entrou na Justiça e exeige a devolução do dinheiro do prêmio: US$ 1 milhão. O casal já gostou mais de 200 mil dólares com o pagamento de dívidas. Deve ter gato mais na compra de uma picape zerada e outros bens de consumo. O problema que o casal está desempregado e não mais como devolver o dinheiro.

Como o bilhete foi jogado fora depois que sua verdadeira dona consultou uma máquina onde o comprou e esta teria informado que o mesmo com não estava premiado, é possível que a Justiça obrigue o promotor do sorteio a pagar a indenizar a “sortuda”. E o casal pode até ser obrigado a devolver a grana dos outros, mesmo que não tenham condições, em suaves prestações mensais ou com penas alternativas.

Ou seja, mais uma vez tá provado, meu pai tinha razão, nem tudo que é achado é dado, ou tá perdido. Pode ter um dono por perto ou alguém que esteja procurado por aquilo.

Não podemos deixar que o “jeitinho brasileiro” seja sinônimo de malcaratismo, desvio de conduta, pilantragem. O cliente daquele bar teria sido muito mais feliz se tivesse devolvido os chinelos ao turista. Com certeza, teria arrancado um sorriso daquela garota, que deixou o bar, decepcionada com o furto, constrangida com um comportamento tão mesquinho.

O legado de um povo é sua honestidade, sua capacidade em repeitar as pessoas, a natureza, o patrimônio público e particular. Imagine se esse cliente que ficou com os chinelos do turista tivesse achado o bilhete premiado.

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